quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Janelas Pt. II


E a janela estava ali, a me atormentar com a sua presença. Os vertices do quarto me inspiravam a fazer cálculos periféricos, horizontes geométricos. Tateando mais uma vez no escuro toda aquela falta de nexo das minhas próprias ações. Ela me observava, agora não com aquela alegria que me foi atraída pela primeira vez. Era como se o reverso tomasse um contrapeso para as minhas inócuas reminiscências. Lá estava eu, a janela sóbrio, o vazio pesado e eu. Às vezes pensava que estava que não conseguia enxergar nada, mas quem sabe, eram só meus olhos fechados, com medo de enxergar a realidade e por fim, voar. Não como os pássaros, mas como aqueles baloes que são levados por brisas ou até mesmo pelo vento intenso. Estão submetidos ao que vier, a chuva que insiste em cair, à sorte.

Sempre.


Como se apropriar da loucura? Primeiramente, é necessário analisar o que é a loucura. Alguns, acreditam que a loucura seja uma patologia, algo que foge à normalidade e aos padrões da sociedade, dos esteriótipos. Focault ainda propõe ainda mais sobre uma perspectiva muito mais relativista sobre a ciência e sim, coloca no mesmo patamar todos os tipos de conhecimento.
Acredito que as pessoas também deveriam ser tratadas assim. Apesar dos pesares, das diferenças, divergências que existem em cada ser humano, todos somos iguais. Somos parentes genéticos e devido a toda a essa semelhança gigantesca das sequências de DNA, somos mais do que Timina, Adenina, Guanina e Uracila. Somos uma essência vasta entre uma multiplicidade de escolhas, de palavras, de descobertas, de vida. Construindo, nos reconstruindo e sem dúvida, nos permitindo. A cada gesto e passo inconsciente que damos.
Até porque se apropriar da loucura não é um estado patológico e sim, um estado de risos vigente, constante, eterno. Girando completamente por uma gama de alegria e diversidade. Porque querendo ou não, a rotação é contínua.

Interfaces


Acredito que tudo tenha o hábito de mudar. A cada segundo adquirimos um novo gesto, compomos um neologismo, tanto nas palavras quanto nas ações e por fim, nos permitimos. Às vezes até inconscientemente, adquirimos novos aspectos na nossa aparência, novas nuances nas metáforas que antes eram arcaicas, mas hoje, se adaptam, se transmutam, se inovam. E acho que esse é o verdadeiro sabor da vida, o sabor ora amargo, meio ácido, ora doce. Porque não há nada mais bonito do que ver o sorriso de quem se ama, do que provar dos gostos mais simples de um verdadeiro amor. Acho que devemos raramente nos prepararmos para algo, até porque é melhor quando há a surpresa, ou improvável e até sim, aprendemos e apreendemos novas coisas. Há mais no sonho do que no real. Nele não temos fronteiras para mostrar quem somos. Porém, é na realidade que nos expomos e é nela que podemos escolher: nos mostramos ou nos escondemos, sem brilhar.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Ações

Às vezes me frustro um pouco com meu jeito de lidar com certas coisas e pessoas. Talvez se eu mentisse, ocultasse ou transpirasse um pouco menos toda essa verdade que me compõe,quem sabe não teria menos chateações e problemas. Se ao menos um dia pudesse não sentir com tanta intensidade, respirar sem tanta fugacidade...A vida nos reserva o melhor, mas temos que procurar por ele, alcança-lo. Estou insatisfeito porque quero um pouco mais de tudo e sempre tem um obstaculo. A questão não ultrapassa-lo. É sim, enfrenta-lo. A vida traz quem a gente merece. Uma dica.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Hélices

Um dia estava pensando acerca de como as pessoas se movimentam através das suas estruturas, de como se organizam para se tornarem pessoas melhores ou quem sabe não agir, acomodarem-se. Algumas pessoas são motivadas por um único objetivo: trabalhar todo o mês, pagar o alguel da casa, apartamento e enfim. Alimentar os vícios, se houver e não estudar, porque acha entediante ou talvez até monotono. Nos finais de semana a mesma farra linear, as bebedeiras, as voltas pra casa tarde.
Outras, já vivem numa coisa que me deixa demasiadamente estupefato! A determinação para galgar novos espaços. Mesmo que seja só um décimo de avanço, para essas pessoas, será o suficiente. É isso que me orgulha porque me espelho nessas pessoas, para alcançar uma perspectiva cada vez mais elevada, criando meus próprios esquemas e não deixando com que caia num dilema que não me faz avançar em nada, apenas regredir. Quero o Sol da manhã, me dedicar a tudo que quero para conseguir com meu esforço e carregar o próprio peso das minhas responsabilidades. É assim que a vida acontece: no chão ou fora dele, deve-se voar, principalmente pelo pensamento.

Reconstrução

Todo o calor que provém de mim, ultimamente, é o protesto de uma dilatação imensa advinda de uma de uma vontade de mudar imensa, que se contrapõe com toda a hesitação, ou talvez, até como se algum órgão do meu ser estivesse amputado, impotente, inerte. Até então, a revolta era maior com o simples discurso, com as falas soltas. Porém, elas traduziam apenas o comodismo, talvez até, o simplismo e externavam uma vontade de partir para novos rumos que acabam se tornando um tanto quanto vagos. Não gosto de ser aspero, mas não acredito em sentimentos repentinos, em amores platônicos pré-definidos ou em simplesmente palavras que só servem para se encaixar em textos reflexivos, conquanto, mostram a fraqueza do ser humano em apenas dizer. Só me motivo porque há o cansaço dos velhos hábitos, do mesmo habitat, do mesmo afunilamento que vem ser tornando cada vez mais constante. É assim que conquistarei um Universo amplo e meu. Sou possessivo com as minhas conquistas e com o meu próprio mérito. Não há hora melhor para se viver e tornar os planos aplicáveis, do que o agora.

sábado, 27 de novembro de 2010

Hoje

Só por hoje não quero me culpar pelo passado corrompido, ilícito aos meus valores. Só por hoje quero mudar continuamente e ganhar um reconhecimento que não seja extinto logo após pequenas partículas de tempo. Só por hoje quero desbravar a hesitação que nada tras, apenas o medo, voraz. Não quero ganhar, nem perder. Só quero o suficiente para ser feliz hoje. Gritar as lágrimas sem arrepio, amar a vida e os seus desvios. Brincar com as palavras, tecê-las. É assim que um competente artesão executa o seu trabalho: confiante, mas calado.

Céu

Ávido e contemplativo estava eu, a observar o céu. Sob o gramado, o deleite de existir. Mas, ainda não era o suficiente. Quando parava de pensar, parecia que como em um esturpor perdia a respiração e sem entender, percebia, caía deitado pelas folhas secas advindas da primavera. Os cânticos primaveris dos pássaros me soavam tão gentis. Assim como um anfitrião convida para um festa agradável ou até, um par especial o convida para uma dança que, ao olhar os olhos brilhando do outro, não há como renegar. É assim que que o céu nos convida para o observar. Sempre com nuvens de diversas formas, diferentes perspectivas. Intensas demais para terem uma multiplicidade para nós. Talvez um elefante, um gato ou até rinoceronte seja visto por nós. Ou quem sabe, uma figura abstrata que nos relembrará algo ou por fim, nos aliviará por não lembrar absolutamente nada.
E é aí que está a minha maior angústia. Queria com as palmas da minha mão poder abarcar toda a imensidão de um vasto horizonte. Assim, poderia brincar com meu próprio quebra-cabeça azul. Montando peças, revirando nuances, tons. Conquanto é isso que me faz me motivar a cada dia mais em me construir para que compunha não um céu exposto. Mas o meu próprio céu, o meu âmago, meu eu.

Névoa

Ali, talvez num vértice escondido do seu quarto, observava a névoa. A menina de vestido plisado, de artimanhas diversas, de palavras, por muito, desconexas. Tinha medo de olhar dentro dos seus olhos. Às vezes parecia que eles absorviam toda a minha surpresa, no ato estupefato e no sentimento frio, calado. Não dizia muitas palavras. Talvez isso aguçava ainda mais a minha curiosidade ou, talvez, ficava em tempos esperando, em minha ânsia, palavras como respostas, risos e expressões faciais manhosas. Mas nada, ela continuava a absorver a película que o mundo a transmitia, através de uma névoa que para ela além de reminiscências, eram sonhos, longíquos. Impenetráveis em uma realidade paralela. Criara só para si num egoísmo de ter expressões só suas. Melaconlias que não invadissem o campo de visão alheio assim como a areia branca que a chamava a atenção e a deixava tão distante de mim.
Queria, em uma sensibilidade frustrada, tentar decodificar os seus pensamentos. Quem sabe, até, ouvir muitos dos seus lamentos. A queria perto de mim em minha posse que de certa forma era até conjugal. Porém, não era.
Ao imaginá-la assim, como uma boneca numa vitrina, sem expressão, apenas coordenada pelas cordas, linhas e fios invisiveis...Que compunham a mulher que eu mais admirava.
Pensava que crer sem a clareza mais expressa seria sempre o necessário. Conquanto, ela estava ali admirando a máxima simplicidade. Não precisava de nitidez, de foco para se entender. Ela simplesmente sabia.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Você quer amor ? Eu quero reconhecimento!


Às vezes eu paro pra pensar...E percebo que estou completamente desprotegido. Em muitos momentos, percebo que a proteção que os pais dão na infância, é de certa forma, inválida, já que o a criança que se tornará adulto terá de ser desenvolver e simplesmente seguir seu próprio rumo e é o mundo que ensinará as piores e melhores coisas que a vida pode oferecer. Tenho diversas faces, nuances...Defeitos sim, confesso. Porém, acho que devemos reconhecer a evolução de todas as pessoas, por menor que seja, por mais milimetrica e mensurável.
É assim que construimos a motivação ao outro para continuar a evoluir e simplesmente, mudar. Todos temos a capacidade de crescer independente do nosso desenvolvimento ou criação. Lembre-se de que algumas das características são deles e agora, são as nossas que devemos criar. Somos donos de nós mesmos e temos de assumir o controle sobre isso. Se não, nos perdemos e quem passa a seguir a nossa vida não somos nós e sim eles.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Árvores



Nunca aprendi a subir em árvores. Sempre tive medo das folhas cobrindo a minha mente, minha cabeça perplexa, confusa e complemtamante cheia. Em alguns momentos, tinha um impulso de tentar, mas, hesitante, nao conseguia. Ia para casa, corria pelo jardim. Me sentia refem em uma vida em que eu, como uma criança, nao poderia me aventurar como os outros. Coçava a cabeça com um sinal pensativo implodindo em mim. Já não estava preparado para lidar com as pessoas das mesmas idade. Ora conversava com um, com outro. Desenvolvia o hábito da fala. Mas um hábito tão amedrontado.
Ora lia livros, ora não preocupava. Até ouvir palavras novas. Abraçava os livros com uma paixão absoluta e possessiva. Chegava a ser egoísta com as minhas próprias leituras. Talvez quisesse que as palavras fossem só minhas. Quem sabe cada caractere seria meu, mas apenas num plano mental. Ou até me esqueceria das exatas palavras, mas lembraria da história, do seu contexto, do seu paladar. Não tão gustativo, nem tão palpavel, mas ainda como um fragmento ali, guardado.
Um dia, mais a tarde, começou a chover. Estava descalço, sujo, empoeirado pelo ato tão sadio de brincar incessantemente. Tinha receio até da chuva. Ela poderia me molhar sim, mas por hora não me traria nenhum malefício. Só o excesso das coisas é que me trazia uma total agonia. Adestrei-me assim. E nao poderia mudar sequer por um minuto?
Continuava a chover...meu corpo ainda quente e eu, ali, para fundir o contraste da temperatura corporal com a provavel frieza aguda de uma chuva que não dava tregua. Mas, pela primeira vez resolvi me permitir. E então, entrei ali, fiquei por alguns minutos. Meu corpo, ardia a cada instante que ficava naquele ambiente, pensei que não iria aguentar mais. O impacto era intenso. Pois então, explodi. Explodi tanto que me tornei parte daquele fenomeno natural. Até porque arco-íris vem e vão, e se originam dos antônimos, dos objetos antagônicos da natureza. Porém, se vão, sendo para sempre inesquecíveis. Com suas cores inseparaveis. Não há arco-íris pela metade. Uma essência sem vontade. Um aprendizado sem dor. E não há, muito menos, um êxito sem sequer, tentar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dos encontros...e também desencontros.

Me sentia absolutamente perdido. Dois dias não foram o suficiente para me entorpecer de vivacidade. Eu precisava, sim. De algo mais. Ali, aonde eu nem esperava encontrar o mais sorridente o olhar, as brincadeiras de sempre se assimilaram e nos reecontramos em uma situação que aparentemente parecia antiga. Eu, ainda mais constrangido, por estar com as palavras soltas, mal formuladas, desencontradas. Apercebo ainda que o seu olhar mudou...Talvez até, que eu tenha mudado mais do ue sua expressão facial e que meus sentimentos amadureceram e ambos aprendemos e apreendemos muitas coisas. Não precisava toca-lo. Talvez imaginar teus beijos tão doceis seria avaliar plenamente a razao melhor de estar ali, por um acaso. Mas tinha o seu olhar. E era suficiente ouvir suas palavras, compreende-lo, sentir os meus ouvidos palpitando ao encontrar toda essa nova mágica despertada. E não encontrei versos para cantar-te e dizer-te: quero estar com você outra vez.


"O que é um beijo se eu posso ter o teu olhar ?"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O sono.

Como poderia dormir tanto? As quantidades eram variadas: 8, 10, 15 horas. Às vezes, me sentia num eterno sonhar e a perder tanto tempo vagando por tempos presentes e por uma memória muito característica do sonho: a falta da lembrança ao acordar. Porém, muitas vezes, acordado, me sinto dormindo. Talvez porque não tenha tanta malícia para enxergar certas coisas, ou quem sabe, seja malicioso demais. Há perspectivas que por mim hoje são indecifráveis e por si, me deixam cego. Não consigo enxergar tais tons, visões e pensamentos, que para alguns são óbvios, mas para mim não. Há tempos que há coisas e momentos tão fáceis para alguns, mas pra mim, não. A essência do sono em vigília é a mesma essência da história do trauma. Para alguns, algo com certo impacto foi extremamente traumático, já para outros, não passa apenas de algum contratempo. Os traumas estão em orquestra no nosso inconsciente a toda hora a se manisfestarem. Seja nos atos, nas palavras desconexas, ou até mesmo sem nexo. A falta desse olhar atento, para mim, também se caracteriza como um sono pesado. Até porque nunca nos lembramos do que vimos quando estamos sem atenção. Não para nossa memória que podemos evocar. E sim num plano espacial muito maior, em objetos que não são enxergáveis a olho nu. Simplesmente, precisamos de um microscópio ou até um luneta para nos enxergarmos como realmente somos. E principalmente os fatos, os problemas, as duas faces de todas as situações que ocorrem em nossa vida. Estamos, a todo tempo, vibrando de calor. Somos corpos quentes, com sangue correndo pelas veias e implodindo nosso interior. E sempre em um constante repouso. Imperceptível.

Erupção

Às vezes preciso do Sol. Não só pra esquentar minha pele leve que cobre toda uma alma, uma aura, um âmago. Algo tão intenso. Submerge também sentimentos aleatórios que nem eu sabia distinguir. Mas corria ao encontro dele. As gotas de suor inundavam um corpo pesado, não em sua estrutura física. Mas em sua estrutura psicologica. Mas ja era tarde, porém em um horário de verão que nao cessava. E eu, partia em direção a todo calor que pudesse esquentar meus orgaos mais profundos. Pois é ali que eu mais preciso.
Depois, desatava os nós do dia e deixava que noite anestésica me acalmasse em um canto, que me encatasse. Toda Lua.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Namoricos.

Ele olhava para mim como se fosse engolir o que havia de mais libidinoso em mim, o instinto do desejo, as palavras que mal conseguia dizer em sua presença. Corria com a boca para desejar o ceu, mas só em pensamento. Parecia que tanto querer seu toque, alucinava-o. E assim, em devaneios instantaneos sentia o meu aparelho psiquico levemente sendo satisfeito. Porém, era uma satisfação pela metade. Não havia real contato. Amava a sua fronte, a sua nuca, a perplexidade do seu cabelo emaranhado. Ou mesmo assim, a sua falta de cabelo! Porque nele assimilva uma vertigem parecida com a cor flicts, ou seja, sem absoluta definição. Desejava-o e amava-o na mesma medida. Ora um pouco mais, ora menos. Mas o calor que era oriundo do meu âmago e aquele sentimento latente, era assim: só meu.

Sobre bancos...

Duas folhas de jornal caídas no chão. As notícias a rolar pelos meus pés que nem distiguiam mais o chão, do jornal, do vão. E entre calafrios atormentados lia as manchetes a voarem sobre mim como um dilúvio de desesperanças, uma tempestade de assassinatos morais, talvez banais. As pétalas escuras sob uma primavera em seu inicio a germinar por fim. Talvez só lá. Porque em mim as pétalas ainda continuavam sépia, as palavras, ainda desconexas. Sem acalanto, nem sim. Como as palavras podem soar nos nossos ouvidos num suar tão lento? E ainda me perguntava como a chuva ainda não veio a cair, como o Sol ainda não pode sorrir. Há descompasse entre o meu riso e o sorriso do próprio rei. Enquanto eu aqui, a me desesperar por dentro, a me amargurar no leve compasso do tango. Lá o calor tangia a vivacidade dos corpos, dilatando, enfim, a sensibilidade!

A fome moral

E de repente, a demência levantou-se. Talvez um pouco apressada, exausta, extiguinda de todo o círculo que a olhava como se fosse estranha a toda aquela situação. A censura, perplexa, comentava a todos os outros como a demência pudera ser tão audaciosa a cometer tal bravura. Porém, era desnecessária. No entanto, não era plausível. Conquanto, inconveniente. A demência percebera deveras que a censura comentara sobre ela, mas como já estava acostumada com hábitos tão ríspidos e assim, ao ser tão incompreendida, continuou a andar pelo jardim de sua casa, enquanto podia respirar ainda um pouco de si, um pouco de suas pétalas, de sua antiga vivacidade degenerada. A coragem disse que ela era uma dos seus. Aplaudiu-a. Porém, essa característica era apenas para os que se aventuram por toda uma vida e não em ímpeto, em astúcia, sem outra alternativa. O amor nem se fala, disse que loucura nada era comedida, que se amasse mais, poderia ser sim, menos doente, menos anômala. E de repente, a demência se cansou de todos os esteriótipos. Ela poderia ser o quisesse, a hora que quisesse, sem os olhares maliciosos e devoradores de uma sociedade de sentimentos que só tende a criticar, a nos ferir por dentro com seus breves e pre-moldados conceitos. Ela resolveu ser feliz, e assim, o fez.

domingo, 17 de outubro de 2010

Dias

Acordei numa madrugada quente, meu corpo suando...Eu me sentindo intenso e lá fora, só a luzes para os meus olhos contemplaram. Aquela palavras encutida, aquele sonho vazio. Aquela história muda. Talvez eu estivesse mais mudo do que a própria história, ao ver que certas coisas deixam certas marcas num corpo tão inócuo. E lá eu saberia que iria merecer isso? Só tinha a noite em mim, ela me engolia. Eu tentava por jorrar todo o sal que em minhas pupilas emergia...Mas estava seco. Seco assim como o passado árido que um dia imaginei que seria para sempre. Os fantasmas ainda me atormentam. Não os fantasmas do passado. Mas os fantasmas que estão dentro dos conflitos de mim mesmo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Linhas

Dois pontos e eu escrevia. Descrevia. Uma pureza tão gelada desse ar arrepiava-me, mas ao mesmo tempo, tocava os pontos de mais estímulo do meu corpo. Saía para o jardim, meia nos pés, sandálias de dedo. Blusas estampadas, rasgadas, enfim. Mãos enrrugadas, olheiras realçadas, assim. Sentia molhar meus pés inócuos, aparentemente desprotegidos da grama molhada. O cansaço da rotina me fagigava a tal ponto, que não conseguia sair dali, ao observar as flores a desabrochar, o Sol baixo e pouco ameaçador. Sair da velha casa é sair da moldura antiga que se construiu há muito tempo dentro de mim. Como um quadro, que já reconstruído e restituído, adquire o tom sépia não pela sua idade, mas sim, por vontade própria.

Lágrimas.

Não sei se quero...se espero. Se me contento. Talvez, por um breve momento me afligia, me corroa. Talvez nao doa. Quem sabe, por um momento, eu me submeta. Me entregue, me transporte. Ou não me transtorne. Até o passo mais intenso, foi por mim, interrompido. O dia está nublado, as paredes brancas, juntam todas as cores presentes em mim e por fim, não se traduzem em nada. Hoje, me embebedo do sal delas, que insistem, o tempo todo, em cair.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Obscuro

Escurecia na aparência monótona da minha alma. Deixava-a fugir. Sem a minha permissão ela criava asas e partia ao encontro da sua imaginação. Ouvia lá no fundo do âmago um tic-tac que não me deixava viver. Contava sempre todos os segundos para que eu pudesse acordar e depois, nao viver mais. Quando estou acordado estou em vígila. Repetindo ações, andando sem perceber pelos mesmos quarteirões...Correndo sem direção. Censurando-me. Escondendo-me. Punindo toda a vontade que ainda está vibrante dentro de mim. E em ritmo de dança, me faço refem: dois passos pra lá...Talvez, se eu pudesse dançar mais um pouco com a sombra que corrompe meu constrangimento. Porém, quando chega o dia a sombra se vai e eu fico aqui, sozinho.

Janelas.

Corri atônito para contemplar mais uma vez o céu e o horizonte. Pena que tão rude e fragmentado pela vista de uma janela. O prédio alto, a batucada veemente. E eu, vazio. Duas batidas no meu coração e ah, eu nem percebia! Era tanto céu...pra tão pouca janela. As cortinas comportaram um pouco do vento que levaria ao meu ventre a sensação leve de que os pássaros poderiam voar pelo meu quarto livremente. A sós comigo, com meus livros, com a minha peculiar desorganização. Talvez precise de mais ares puros. Ou quem sabe, de menos quartos escuros. Ou ainda, quem sabe, de mais janelas. Para deixar também, a minha alma se levar, ao menos que em um segundo, pelo tempo.

Flores


Hoje eu resolvi pensar um pouco nas flores. Tão coloridas, vibrantes. Muitas delas com formatos absolutamente exóticos. Algumas até carnívoras. Às vezes me sinto como uma planta carnívora. Só que o meu alimento é todo o sentimento que tenho pelo e no mundo. As vibrações que formam um círculo radiante a minha volta e tudo que faço passa a ser com mais alegria. Mas só tenho essa alegria porque me motivo a continuar e deixar minhas folhas majestosas. Talvez não possua néctar, talvez nenhuma abelha irá me procurar por todas as diferenças que tenho, pela ameaça que causo. Porém, continuarei assim, a atrair todas as notas musicais mais profundas e intensas só pra mim. Toda a poesia falada, cantada e até pensada...Trarei para o meu interior. Porque não há como viver sem expressar essa loucura, esse toque de demência que atravessa tudo por onde passo. E é assim que eu vivo, me alimentando de sonhos. Conquanto, nunca os deixo se confundirem com a minha própria realidade.

"Porque a minha lucidez que é perigosa".

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Olhar


Queria poder todo dia observar o teu olhar. Acarinhar um pouco mais o seu rosto. Sentir teu abraço, teu cheiro. Aquele cheiro que meu olfato já ficou adestrado a assimilar e por fim, não esquece. Tua risada é memoravel. Há muito tempo não tinha sorrisos tão espontaneos, gargalhadas tão gostosas, tão dóceis. Quero que o tempo seja menos voraz em cruelmente se usurpar de você. Alguns sentidos mais palpaveis, outros não. Talvez esteja lentamente me sentindo levitar em algo que já doeu tanto e hoje não dói mais. Um pulsar latente que só tem a me acrescentar, tão doce! E então, tão intensa será a minha contemplação, mesmo nas poucas horas que a vida me reserva você. E ficarei sempre assim: feliz.


"Eu quero esperar pelo amanhecer, eu quero ver o Sol refletindo em você".

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Andanças



Ela, através de um espelho, olhava a sua imagem refletida. Alguns arranhões em face, algumas peculiaridades, até sardas. Um rosto esbranquiçado. Acendendo a luz parecia ter até um pouco mais de vida. Sim, um rosto iluminado e sem vida. Não era a maquiagem que a fazia assim, mas o empobrecimento dos traços, das marcas. Sem marcas, ela poderia até se parecer com algo, mas apenas com as bonecas de porcelana. Foi até o quarto, pegou sua caixinha de música, uma pequena bailarina de plástico, a música a inspirou um ballet clássico em meio as avenidas daquela terrível cidade. Ah, esse calor infernal! Porém, apesar de tudo...Saiu de casa num impulso fervoroso pelos tempos que havia perdido, pelas linhas que havia de adquirir em seu rosto. Deveria, sim, envelhecer! E com uma adrenalina e um medo sem dimensão, foi até livraria. Disfarçadamente, olhou um, dois, três livros. Nada a apetecia. Pensou ser tão inteligente e tão apta a entender tudo. Porém, a leitura que deveria fazer era de si mesma. O que gostava, o que pertencia realmente as suas verdadeiras características. Em relação a isso, era bem mais complexo. Às vezes tentava elaborar um nexo. Porque se perdia tanto nas confusões da sua alma, que nao haveria descoberto nada sobre sua essência. Isso a amedrontava. Pensava que até os trinta teria de ter formado todo o seu aparelho psíquico, todo o seu intelecto. Já deveria ter terminado a faculdade, exercido metade das suas expectativas, no mínimo. Conquanto, percebeu que não tinha dado sequer um ponto de partida. Foi sempre tão refém de suas obrigações, que esquecera, no mínimo, de lembrar de si mesma. Foi então que colocou os livros na prateleira e resolveu caminhar mais uma vez. Estava tonta, resolveu tomar um café. Isso sim a apetecia. Foi a cafeteria, pediu um café. Nem olhou se quer o rosto das pessoas que estavam a sua volta. Estava era ansiosa, isso sim. Ansiosa por menos frio interno. Lá se foi o café, ela nem percebera. Saiu e viu um enorme buraco na rua, aonde infelizmente caiu. Um vão escuro no meio da cidade. Ofegante, acordou tremula e saiu de um sonho aparentemente sem sentido. Mas havia realizado seu desejo, pelo menos um de uma gama. Sentiu que não estava mais paralisada e retirado o peso de muitos de seus dias, que a partir de agora, teriam não um fim, mas um recomeço!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Identidades


Hoje somos massacrados. Não apenas em relação ao direito político, com Marx e Engels comprovaram através de seu socialismo científico. Somos afunilados, a todo tempo, até mesmo pela nossa própria censura. A censura é esconder o que realmente se pensa, as verdadeiras ideias e criar um tipo de postura, que, na verdade, não é que a tomaríamos realmente. Isso tudo pra quê? Pra agradar um certo grupo de pessoas, pra nos sociabilizar. Não, não culpo quem faz isso. Porque muitas vezes até eu faço, inconscientemente. Precisamos ter alguém ao nosso lado e nisso esquecemos que antes de qualquer pessoa e qualquer amor, existe nós. O que temos de mais precioso. E daí, suprimimos algumas faces. Estas mudam mesmo, é bastante comum, ate. A personalidade já é um pouco mais complicado, mas quando passamos por certos momentos, acabamos mudando-a também. Já que amadurecemos e adquirimos diversos tipos de valores. A maior problemática, ao meu ver, é perder a essência, o motivo que se busca por estar aqui, o motivo da felicidade plena, o motivo de respirar e em cada vez sentir a alegria de estar vivo. É você renegar a sua própria origem, é renegar o que está no mais profundo, no mais intenso do seu âmago. E sem se perceber, fazemos isso o tempo todo. Ao aceitar algo que realmente não queremos, ao usar algo porque convém a outro alguém...Por isso mesmo devemos aprender a nos amar como somos, afinal, é isso que move a engrenagem mais profunda da alma, do sonho e nos impulsiona a realização. Com determinação, garra e vontade.

"De tudo que tenho levo apenas o que me pertence".

Dois


E de repente, foram postas as vendas...Ainda se sentia meio zonza, meio vazia em sua consciência. De repente, não se sabia se a luzes se apagaram ou se foi ou seus olhos que fecharam subitamente. É tão difícil passar por uma nova fase da vida. Os passos, cada vez mais diferentes um dos outros. Os pés meio tortos. A auto confiança meio ao avesso. E por mais que se tentasse entender o motivo das mudanças repentinas, era um tanto quanto improvável. Às vezes, demasiadamente simples é para uma criança entender algumas coisas do mundo de maneira prática. Mas, quando adquirimos muito conhecimento, muitas vivências, acabamos por complicar as coisas, acharmos que tudo é tão sério quanto a carapaça que revistimos pouco a pouco quando nos tornamos adultos. Ou pseudo, não se sabe. Ela não sentia mais a respiração, mas isso foi só durante dois segundos, que logo depois, sentiu sua respiração ofegante. E nada mais viu. Em um sonho vívido lembrou-se ainda dos momentos de menina, com o vestido rodado, com os laços caindo, desentrelando-se, assim como sua consciência. Divertia-se com a ideia de uma infância feliz. O seu passado agora trazia lembranças melhores do que o próprio futuro lhe reservaria. Ah, como bom são os tempos das pequenas preocupações. Das pequenas responsabilidades, afinal. Do rosto macio, inócuo, passional.
O tempo estava se passando cada vez mais rapidamente na sucessão temporal de seus sonhos, que quando se notou, já era uma mulher, vívida, brilhante, independente. Mas também um pouco frustrada, por sempre correr demais, não poder dar atenção a si mesma. Impossibilitando, muitas vezes, de amar a si própria. Infeliz é aquele que não se ama, incompleto nos dons, nos tons, na essência. Tão mirabolante essa escuta plena, porém algo estava lhe faltando. Agora, já sabia o que era. Quando, de repente, ouvia uma voz, indagando-a se estava tudo bem. O amava, isso já bastava. Toca-lo, senti-lo, cheira-lo...abraça-lo! Ainda possuia tudo o que precisava. Sua visão de mundo, suas perspectivas. Seus planos pro futuro, que agora, reorganizados, tomaram uma outras dimensão.
São fases da vida, disse ele. Estarei sempre ao seu lado. Imagine a flor mais bonita. E antes de tirar a venda, imaginou. E conformando-se ao suprimir sua melancolia, não abrandou-se. Apenas se permitiu sorrir. Ao tirar a venda, ao abrir os olhos...Continuou sem ver as flores. Tocou-as, obrigando o seu sistema completo e complexo em vê-la. Mas não pode. Estava sem os dois. Porém, na interação das mãos, no encontro do pulsar, graditavemente abriu novamente o sorriso e se contentou em viver a dois. Só dois.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A praça


As praças nos reservam tanto. Os nossos olhos, muitas vezes soberbos e desatentos, desprezam as praças. As extensas acabam tornando-se desiguais, já que em horizonte demonstram a padronização e a perfeição simétrica da construção simples e eficaz. Porém, uma madeira diferente aqui, uma grama menos verde acolá. Até os pombos se concentram em apenas um ponto da praça, recebendo migalhas, ciscos e sujeira acumulada pelo vento que vez em quando é capaz de desarrumar a desorganização natural do espaço.
Conquanto, algo estava diferente naquele dia. Ela acordara, escovara os dentes como já de costume, tomava seu capuccino. Ah, não dava mais prazer a ela que sentir o quente invadir o frescor tão ardente de sua boca. Tomou um banho, sempre na correria, se arrumou, colocando a primeira roupa que via. No cabelo castanho escuro só passava uma escova de madeira velha. Saía de casa com o Sol mais brilhante no rosto. Impressionava-se, pois nunca o vira tão brilhante assim. A praça ficava de frente para a sua casa. Inevitavelmente, via tudo o que ocorria lá. As senhoras, sem afazeres, tricotando sobre a vida alheia. As mensalinas com suas roupas curtas e apertas, mostrando seus corpos como animais expostos em açougue, tentavam conseguir o seu ganha pão. Mas algo, de certo, a chamava a atenção: os velhinhos tão frágeis, tão emocionados e como crianças no ímpeto de sua alegria, jogavam cartas, riam com os seus baralhos e sempre exaustos por já terem brincado tanto, iam para casa no final do dia.
Algo faltava. E quando percebeu, o velhinho que mais lhe chamava a atenção não estava lá. Cogitou diversas hipóteses, desde a impossibilidade até o falecimento. Quis afastar essa terrível idéia do pensamento. Era como se doesse, era como se aquele velhinho já fosse seu, a quem dedicava sua rotina, sua memória, o seu tempo livre. E ele nem sequer sabia disso, uma grande ironia do destino. Talvez tivesse escolhido apenas ficar em casa, mudar a sua rotina. Afinal, ele era livre. Diferente dela, que era refém de seu próprio cotidiano. Uma esposa fiel, devota, submissa. Dentro do seu medo de se libertar, de ser independente se trancafiara e jogara a chave fora. De tempo em tempo impulsionava o desejo de mudar, porém, era apenas no plano dos sonhos. Nem se realmente quisesse poderia mudar. Era mais forte do que ela. Mais cômodas eram as desculpas, os motivos para continuar sendo a mesma. Acordou, de repente, de seu pesadelo instantâneo, no subterrâneo de si. Olhou para o céu, já estava tarde. Já estava na hora do jantar. E com seu grito mudo de despedida, uma lágrima contida nos olhos, hesitante em descer. Foi para casa. Sozinha.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Horizonte Livre


Hoje, escrevo mais uns trechos desse pequeno livro das histórias da minha vida. Talvez, um sofrimento permeável. Hoje, as coisas são bem mais difíceis. Tanto em relação a responsabilidades, quanto em relação a sentimentos. A felicidade às vezes se mostra longínqua e eu, muitas vezes por pessimismo, não consigo enxergá-la. É uma problemática minha, eu sei. Até então, minhas camadas são incompreensíveis até por mim. Acho que é muito complicado tentar compreender o complexo. Eu não culpo ninguém por isso. Mas não digo que quero tudo, pois não quero. Quero ter o prazer das coisas conquistadas. Quero amor em pequenas doses, quero a verdade, acima de tudo. Uma verdade que ainda não encontrei e sinceramente, acho muito difícil de ser encontrada. Por fazer parte de um quebra-cabeça com peças faltando, é muito difícil encaixar-me. Meus moldes são extremamente diferentes de todos os que já vi. Quero meu horizonte livre, pra poder enxergar tudo com calma, com paz. Quero meu tempo, meu ritmo. Nunca é tarde pra nada, muito menos pra viver.

"Não se perca. Não se esqueça. Viver bem é a melhor maneira".

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Películas da Alma


Desvencilharmos dos nossos medos é o primeiro passo pra nos desvencilharmos também da nossa sombra. Não a sombra contra luz, no escuro. Mas a sombra que nos persegue, obscura na penumbra, reúne todos os nossos receios, que fazem parte de nós e não foram suprimidos ou sublimados. Estão ali, aparentemente visíveis, mas confusos, meio nublados. Não conseguimos identificá-los com tanta facilidade e nem passa-los para o plano consciente. Apesar de ser fácil observa-los. Eles estão submersos. Onde ? Provavelmente nas profundezas daquela censura que procuramos sempre seguir o linear e assim, criamos uma muralha ou talvez até mais do que uma. Deixamos o nosso próprio eu trancafiado e muitas vezes nos fazemos refens de tanta ignorância. Talvez por não sabermos nos compreendermos, não a nossa personalidade, mas sim, nossa essência. Deslumbrando as cores, as nuances de cada cor, de cada átomo da alma. Seja qual cor a aura seja, procure sempre não manter a aura monocromática. É porque precisamos, como o camaleão, nos adaptarmos as diferentes estampas. Mesmo sem querer. Esse mundo é selvagem. Nos engole, nos mastiga, nos massacra. Temos de saber a usar nossa inteligência. Apenas alguns merecem os nossos melhores lados e faces. Apenas alguns.

"Prefiro aqueles que têm estoque do que aqueles que deixam tudo a mostra na vitrine"

domingo, 18 de julho de 2010

Até então


Olhar para as nuvens. Parece algo meio louco ficar olhando pra cima enquanto se anda, observando o verde das extintas árvores, as pétalas caindo, o vento movimentando tudo. Os dias nublados e frios que se tornam mais gélidos ainda quando se passam sozinhos. Da missão cumprida à frustração há uma linha bem extensa. Que passa pelos esforços que foram feitos para realizar algo, independente do seu sucesso ou não. O importante, é tentar. E isso também acaba mudando a cor do céu, mesmo que, na verdade, não mude. Os tempos mudam e com ele adquirimos novos defeitos, mais mensagens que vão se assimilando com nossa essência. Palavras. Aah, elas são pesadas porque são acrescidas a nossa consciência, tranquila ou não. Agora, estar não é apenas estar. É sentir tudo que há em volta. Poder trazer você para os meus braços, te aconchegar. Te dedicando aquilo mais precioso, aquele carinho contido que se mostra mais evidente, quando estou perto de você e não preciso dizer nada. Está tudo subententido. Quero beijos intermináveis, olhares múltiplos de significado. Mais felicidade, muito mais felicidade...porque essa tão extensa, já não me basta!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Processos


Estamos sempre enfrentando processos. Alguns, demoram mais tempo, a justiça é tarda e muitas vezes falha. Foi assim que ele começou seu dia, com passos largos, com um leve pessimismo. Seu juízo dependeria do julgamento, de uma série de pontos de vista dos acusadores e ele como réu, deveria calar-se, aceitar a pena prevista e assim, continuar a seguir seu caminho.
Cada rua, cada faixa de pedestres parecia não ter fim ao ponto que chegava ao seu destino. Resolveu por si não ter nenhum advogado, para não prejudica-lo e nem consumir ônus nem qualquer outra despesa. Iria sozinho.
A partir daí a adrenalina corria pelas veias e nada mais lhe vinha a cabeça. Apenas o julgamento alheio. O peso que para ele de certas coisas era tão desconhecido, para os outros, os seus juízes era extremo peso, de um valor penoso e pejorativo. Porém, se deu conta de que todos somos seres humanos. Muitos passamos por fases similares a de outras pessoas. E decidiu, por fim, parar por ali, tomar um capuccino bem quente, para acalmar o frio que o congelava.
Decidiu não ir ao seu destino, que no final, não era nenhum. Não precisava se explicar a ninguém, dar satisfações ao juízes da vida. Eles não sabem de nada. Não precisamos provar nada a ninguém, apenas a nós, dentro dos nossos próprios limites de compreensão.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Vertentes


Nunca saberemos se os caminhos que seguimos são os corretos. Tudo na vida é baseado numa escolha, até impensada. Quando caminhamos por esse ou pelo outro lado da rua, quando escolhemos este ou aquele lugar no ônibus. A felicidade é momentânea e faz também parte de uma gama de direções que possuimos em nossas vidas. Mas a felicidade é relativa, depende de uma série de perspectivas e pontos de vista. Hoje, estamos infelizes por não possuirmos isto ou aquilo. Mas pode haver outras coisas que compensem e tornem a felicidade mais homogenea. Não podemos desviar o foco dos nossos caminhos. É essencial que nós façamos as coisas com um objetivo não só no agora, mas pensando lá na frente. A época de fazer as coisas de modo impulsivo já passou. Hoje, as responsabilidades se tornam a cada dia maiores e me cobram diversas atitudes maduras. Ou é isso, ou é ser esmagado pela sociedade, que nos exige de tudo um pouco, com extrema seriedade.

domingo, 4 de julho de 2010

Insegurança


Após uma reflexão profunda sobre a vida, percebi que a insegurança é inválida. Digo isso exatamente porque ela não muda nada sobre os fatos e pelo contrário, causa efeitos absurdos, doentios, prejudiciais. O ciúme existe quando se ama algo, alguém. A possessividade também é normal, mas em pequenas doses. Quando se tenta prender demais, apenas se perde. É necessário mesmo ter auto-confiança. E se não se tem, só prejudica-se. Os laços de carinho e afeto vão se desentrelaçando, tornando o contato oco, vazio, insípido. A convivência se torna pesada. Quando se aprende que não depende de você ou não, algo ou até alguém ficar com você, percebe-se que devemos deixar as coisas seguirem seu próprio fluxo, naturalmente. Você faz a sua parte, sendo recíproco ou não. Mas se ama, antes de qualquer coisa. O amor próprio é essencial. Sem ele não somos capazes de amar outras pessoas. Apenas nos enganamos e fingimos que amamos. Mas na verdade a dor boa do amor, que inunda o coração, o corpo, a alma é essencialmente obscessiva. E isso não é amor. Não podemos trancafiar ninguém conosco. Somos incapazes de deixa-lo sobre nosso domínio, isso faz parte do livre arbítrio e isso não somos nós que escolhemos. Logo, a insegurança não possui nenhum atrativo. Quando se quer fazer algo, faz-se dentro ou fora de nosso campo de visão. Simplesmente se faz.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Inteiro


Todos somos inteiros. Está comprovado cientificamente, é visível, temos braços, pernas, dentes. Até os deficientes físicos são inteiros. Os números compõem sempre o nosso dia, a intensidade das coisas é muito valorizada. Hoje as cores já não interessam, a quantidade delas ou o que elas modificam é o que importa. Em pensar que tonalidades tão múltiplas. Tão intensas. São apenas vistas em mais quantidades de branco, de vermelho, de azul, para se formar uma nova coloração.
Porém, não somos completos. Apesar de pensarmos não precisarmos de mais nada além de nós, ficarmos resistentes. Porém chega uma época que precisamos de algo mais. De algum motivo, de algo que nos faça respirar mais ofegantes e até mais preocupados. Precisamos chorar de vez em quando e se não inventamos motivo pra isso, elouquecemos. Não sei se posso chamar isso de amor. Mas que há de se entregar, sem esperar nada em troca, é necessário. Respirar os ares mais profundamente. Às vezes até fazer parte dele e de repente, fazer parte do seu próprio fluxo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Caminhos


Hoje eu estava pensando, refletindo sobre a vida. Como as coisas podem mudar tão bruscamente ? Como, do nada, o tempo faz questão de dar as suas reviravoltas e nos transformar, nos fazer amadurecer, crescer tanto ? Muitas vezes vorazes pela mudança rápida e eufórica, nos esquecemos dos detalhes. Às vezes,sim, é necessário todo esse processo árduo para que antigimos todo esse crescimento. A palavra gradativo é real, porque nada, nem ninguém conquista sentimentos do outro, assim. Não tem o mínimo nexo.Mas é essa felicidade que me inunda, me motiva a viver e me estimula a continuar alegremente correndo pelos espaços dos sonhos e os concretizando. O mel tão doce do amor, em muitos momentos é amargo, mas com o tempo, as coisas vão se concretizando, se delineando, sem porquê.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Verde


Um belo dia de Sol. Chegava a cegar bem os olhos, a deixa-los bem fechados, esticando-os, assimilando com os japoneses, chineses. Um belo dia pra olhar o céu azul, sem nenhuma nuvem. As crianças chegavam ao jardim, com baldes d'água, jogando em si e em seus próprios amigos. Realmente estava um belo dia. As aves atônitas em seu caminho ainda incerto. Os animais de estimação eufóricos e indecifráveis. Porém, havia uma ambiguidade naquele ambiente tão febril de felicidade. O jardineiro não estava em seu dia de folga, estava febril sim, mas de cansaço por estar já desde de tão cedo trabalhando, esforçando-se ao máximo para deixar a grama baixa para poder logo ir embora. Ver a sua família, as pessoas pela qual tem um apreço enorme. Magnífico não é o sonho, é a realização dele, como um presente oriundo de longe. Como um término do dia no horizonte, a brilhar e apagar como vagalumes perdidos no espaço. Ele não parava. O menino encostado na porta o observava, talvez até mais do que devia. Estava encantado com a sua beleza rústica, talvez até arcaica. Mas era o que sentia. Não podia esconder de si mesmo. Era algo que saía do âmago como uma essência, a pairar por todo o ar. A sua irmã ouvia alto a música, mas ele nem se apercebeu. Será que poderia dar certo ? Somos tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais. As diferenças nos aproximam, pensou. Mas algo guardado dentro do peito não o permitia nem se quer falar algo com o jardineiro. Ficou preparando o seu psicológico pouco a pouco, para não deixar rastros de nervoso e de uma experiência tão nova para ele mesmo. Mas antes disso, o jardineiro já havia percebido os olhares mais maliciosos ou talvez até menos distantes do garoto. Ambos precisavam suprir a carência que tinham. Precisavam que se amassem. E lá, na grama verde, a vida começou. Não para um ou para outro. Mas se encontraram, ambos.

Iscas


Todos os dias o pescador saía de sua casa, bem cedo. Arrumava os cabelos com as mãos, ia para a sala, ligava a televisão e via as notícias. Tomava sua vitamina, depois um chá com biscoitos. Pegava seu material para fazer sua pesca matutina. Diferente de qualquer esporte ou um simples hábito, ele considerava isso como um ritual para começar seu dia. Dias de peixes grandes, outros de peixes pequenos. Dias que não haviam peixes. Não sabia bem ao certo que técnica usar. Apenas sentia o vento, às vezes entrava na água, um pouco mais profunda ao certo naquele dia. Lembrou-se que tinha se esquecido uma das iscas, a que tinha colocado mais expectativa para que executasse e obtivesse um bom desempenho. Esqueceu-se de todos os ensinamentos e resolveu desafiar a lógica e a si próprio. Usou uma isca mais magra, mais fina, talvez até mais incapaz. Porém, mesmo com o demorar e com o trabalho árduo, conseguiu um dos maiores peixes de sua vida e saiu satisfeito para casa. Descobriu que bastava sua determinação para seguir em frente, fosse com objetos de grande ou pequeno porte. Bastava viver assim. Era o suficiente para si. Para ser o maior pescador. Não por ser o melhor dentre todos, mas sim, ser o melhor extrapolando os seus próprios limites.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Vitória


Hoje pensei muito sobre a vida, sobre conceitos como maturidade, felicidade e compromisso. Como saber se está maduro o suficiente pra assumir compromissos que nos são tão novos, que nos exigem tanto compromisso com tudo ? Se entregar é um processo realmente difícil e esquecer o passado, mais ainda. Mas o fato mais circunstancial não é esquecer por completo o passado. Porque através deles somos o que somos hoje. É aceitar que ele fez parte de nós, que ainda faz, mas que hoje não é tão latente e seguir o futuro, focar as metas, decisões e planos. Não se perder, não se julgar, não se cobrar tanto. Afinal, as coisas quando têm para acontecer, acontecem tão naturalmente que nem damos conta e quando percebemos elas a aconteceram e suprimos todos os complexos da nossa mente. O essencial mesmo é viver, numa eterna busca pelo auto-conhecimento. Descobrir que o que temos de pior, não é uma anomalia. Mas algo que nos completa e faz ser quem somos.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Enquanto


Do simples não assimilo mais nada. Não da simplicidade das coisas, digo. Acho que quero dizer mais é que tudo está médio demais, digamos medíocre. A sociedade ocidental tem essa mania absurda de considerar que tudo está bem, só por beirar a média. Quando vamos perceber, a coisa se acumula de uma tal forma. Que chega a acumular no peito a dor tão elementar e clara. Talvez mais obscura do que clara. Os processos místicos, os fantasmas da mente são reais, o medo de perder o rastro da existência e da lembrança, que será logo substituída por outra é latente. Estamos sempre paranoicos nesse mundo corrido e agitado que nao nos permite refletir sobre casos pertinentes a nossa vida. Por isso nos perdemos tanto, tomamos tantas atitudes impulsivas. Por não termos observado um terço das minucias que rodeiam tudo o que ainda não conhecemos. E quem disse que conhecemos algo? Ainda há muito para se descobrir. Mesmo que se tenha considerado que tudo já foi descoberto. A cada segundo damos um novo gesto, descobrimos um novo erro, uma nova palavra. Estamos em eterna pintura. Por isso nunca deixamos de lado a palheta interna.

Lados


Aos sons do piano ela inicia seu dia. Olhava pela janela lá fora, o dia extrapolando luzes. Às vezes mais desanimada, com os dedos calejados, com as melodias cansadas de repetir o seu árduo trabalho. Do condicional que se faz tão intenso, devemos sempre nos esforçarmos. A caminhada é eterna, enquanto dura. A competição é necessária. Ela nos dá uma motivação absurda para seguir novos passos, novos rumos. Quase falecia nos ápices das canções. Era tão pulsante e tão entregue ao seu suposto ofício, preferia chamar de hobbie. Ficava mais bonito, até mais erudito. Não entendia o sentido das músicas instrumentais. Apesar de tocarem em órgãos tão sensíveis do âmago, elas, ao mesmo tempo, não diziam nada. Uma solidão a abatia e procurava, mais uma vez, as canções alegres. Se sentia momentaneamente feliz. Mas ainda doía o som das más melodias que já produzira, em erros e mais erros. Mas pensou: o passado já constituiu o bom, tudo que sou hoje é graça as minhas falhas como pianista. Recomeçar novas melodias, reciclar algumas notas de algumas partituras antigas é sempre necessário. Até que um dia, deixou de olhar as luzes de fora e resolveu ser a própria luz diante da sua janela. E o fez.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Completo


Quando criança, lembro-me dos questionamentos que indagava sobre a vida, sobre os momentos que havia passado, pelos momentos que poderiam acontecer ou não. A falta de auto-confiança, de auto-entendimento se perpetuaram por longos anos. Foram difícieis, confesso. Chorava demais, recebia críticas e julgamentos que eu não entendia o porquê. Vários olhos a me olharem com censura, ia perdendo o ritmo e me entregando aquelas críticas, verdadeiras ou não. Odiava tudo, reclamava de tudo, um pessimismo voraz na tentativa de mudar o rumo, mas só caía, distante e firmemente no horizonte. O destino se perdeu por um tempo, mas nada é como o tempo, que nos salvaguarda as melhores coisas para o futuro. Então, vivi mais, me acrescentei mais. Fui formando personalidade, assim como complexos advindo das fases mais complicadas da minha vida. Acho que foi isso que aconteceu, eu me perdi. Mas no encontrar dos laços, dos nós que ficam não tão em foco, me completei, em quase todos os pedaços e formas. Muitas vezes eu me pergunto: será que o destino age realmente ou são apenas coincidências ? Bem, disso eu realmente nem sei. Só sei que devemos olhar para tudo uma nova vez, nos permitimos encontrar de novo a felicidade.

"No fim de uma história, sempre choramos. Mas também sempre estamos prontos para ouvir outras"

domingo, 13 de junho de 2010

O preço da loucura


Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Entregue-se como eu me entreguei.
Não se preocupe em entender.
Viver ultrapassa qualquer entendimento...

Clarice Lispector

Achei que assim que deveria começar a postagem de hoje. As pessoas têm a séria mania de criar obstáculos para si mesmos. Ora deixam de sorrir, de rir, de gargalhar. Apenas por medo de dos olhares mórbidos. Somos livres, apesar de não sabermos, ou de muitas vezes, não exercemos nosso direito de tornar a vida melhor e mais saudável. A loucura convicta é sinônimo de vitalidade. Não aquela das camisas de força. Aliás, a loucura tem múltiplos significados. Basta nós darmos a semântica que quisermos. Somos livres também para isso. O problema é quando passamos a ver tudo de uma maneira superficial, a nos escondermos, termos medo da nossa própria essência, que, às vezes, é mais linda do que se pensa, do que o esteriótipo exigido pela sociedade. Às vezes gosto de ultrapassar as barreiras, escapar dos moldes que nos tornam tão mecânicos, robóticos e atrofiados em nós. O pior ainda é quando escutamos as críticas alheias. Elas querem, além de tudo, nos fazer mal e nos empobrecer o espírito. Devemos nos amar como somos, com nossos defeitos e peculiaridades. Isso é constituir um auto-conhecimento, auto-entendimento. Isso é viver e não apenas existir.

"Deixe que digam, que pensem, que falem"

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O amor em uma lagoa


Denso, espesso, frio. Era como estava o dia nublado da pacata fazenda. Os animaizinhos, tão pastoris. O cheio da grama molhada, atiçava os pensamentos inconscientes da jovem mulher, que agora iria mudar-se para a cidade grande, para realizar sua graduação. Ao mesmo tempo em que estava animada ao conhecer uma nova realidade, estava intensamente magoada. Possuía a certeza de que não aproveitara tudo que podia das árvores, da natureza em si. Seria uma frustração? Não se sabe.
Montou em um dos cavalos e saiu por aí, sem destino e rumo, com o vento a congelar seu rosto, sem melancolia, mas liberta de si. Chegou próxima ao lugar mais longe que podia, via um lago, peixes, uma calmaria inquietante. Pensou, rapidamente, em conferir em seus bolsos, para ver se achava algum papel, para se entreter, a fazer barquinhos de papel. Realmente não tinha a certeza de nada nesse momento. Era difícil a mudança, a mudança dos hábitos, comportamentos. Pensou em sair do casulo, já era a hora. Mas ela não queria voar como as borboletas. Queria estar profunda, como os peixes.
Então, como um camaleão, absorveu as escamas e rapidamente, sem pensar, pulou dentro do lago. Nunca mais se soube notícia alguma daquela sensível mulher. Só se sabe que o seu amor assimilou a lagoa. Ambos se assimilaram.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O menino rosa


O menino andava pela cidade, todos os dias sobre a mesma calçada. Sentia um calafrio nos pés quando, por exceção, mudava de lado. Ao passar por diferentes muros, se sentia tão fora de seu lar habitual. Era como se fosse um rito, uma coincidência, que ele próprio criava, para se sentir mais seguro, nas largas ruas, nas estreitas memórias.
Um dia, sentou-se numa escada das casas pelo qual passava, se sentia cansado, a alma pesada. Além de ser uma exceção no seu próprio mundo, não era dono nem do seu próprio caminho, que, por ser público, todos passavam. Veio um aperto no coração, uma vontade de mandar todos para seus devidos lugares, para seus próprios lados de ruas. Talvez até mesmo ladeiras próprias para cada um dos habitantes daquela região. Um paralelepípedo, mesmo o mais pequeno, mas pelo menos, pertecente a cada um.
Dois dias se passaram, seu percurso estava vazio. Algo impressionante para um lugarejo tão movimentado, com pessoas apressadas, sempre. Mas naquele dia isso não acontecera. Só vira um menino soltando pipa, um carro de algodão-doce. Só isso. Viu um algodão-doce rosa, por um momento, em um suspiro voraz, pensou em comê-lo. Pelo contrário, queria absovê-lo. Ainda mais, queria sê-lo. Pois assim, entregou-se a brisa e com o vento e se juntou com o azul do céu. Era uma nuvem, uma nuvem rosa.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O cansaço




Uma vez parei pra pensar na relação entre as pessoas. Os sentimentos extrapolam as palavras, talvez as mais bonitas e poéticas que possam existir. Se faz um carinho ali, um apelido bonito e especial acolá. Talvez não seja essa a verdadeira essência. Atitudes são fundamentais para nos sentirmos amados, até ninados e dengados. Todos precisamos disso, seja em pequenas ou em elevadas doses. Já estou cansado desse catalogar tão mecânico do mundo, das pessoas. "O que você é?" ; "O que você faz?" ; "Quem você é?". Essas perguntas não são facilmente respondidas. Por que será que não esperamos o tempo para responde-las ? As pessoas correm apressadas e não esperam o seu momento, o passo das coisas naturalmente. É esse o grande medo da maioria das pessoas, se se entregam de corpo e alma, estarão sujeitas a não esperar os processos, mas sim pisotea-los.

Fases


Todos os dias nos renovamos. A cada gesto, simples passo, nos pegamos em novos sons, tons, imagens antes não apercebidas e até de certa forma escondidas. Estamos sempre em constante mutação. Mesmo que não seja muito visível hoje, amanhã é certo de que nos tornemos aptos a nos conhecermos melhor. Faz parte do auto-entendimento da nossa própria essência, de todos os caracteres que nos compõem. Muito não sabem nos ler, não nos compreendem. Mas é normal, às vezes a leitura é muito difícil e por isso, achamos chato ou sem importância. É a ignorância dá má interpretação, da falta de aguçar os nossos próprios sentidos a novas leituras. Se vemos uma capa feia, julgamos que o livro não é bom. Pois estamos enganados. A beleza é inerente aos olhos. Extrapola a visão consciente. Estamos sempre em constante mutação. E é isso que nos move a seguir em frente, seja avançando ou regredindo.