terça-feira, 26 de outubro de 2010
O sono.
Como poderia dormir tanto? As quantidades eram variadas: 8, 10, 15 horas. Às vezes, me sentia num eterno sonhar e a perder tanto tempo vagando por tempos presentes e por uma memória muito característica do sonho: a falta da lembrança ao acordar. Porém, muitas vezes, acordado, me sinto dormindo. Talvez porque não tenha tanta malícia para enxergar certas coisas, ou quem sabe, seja malicioso demais. Há perspectivas que por mim hoje são indecifráveis e por si, me deixam cego. Não consigo enxergar tais tons, visões e pensamentos, que para alguns são óbvios, mas para mim não. Há tempos que há coisas e momentos tão fáceis para alguns, mas pra mim, não. A essência do sono em vigília é a mesma essência da história do trauma. Para alguns, algo com certo impacto foi extremamente traumático, já para outros, não passa apenas de algum contratempo. Os traumas estão em orquestra no nosso inconsciente a toda hora a se manisfestarem. Seja nos atos, nas palavras desconexas, ou até mesmo sem nexo. A falta desse olhar atento, para mim, também se caracteriza como um sono pesado. Até porque nunca nos lembramos do que vimos quando estamos sem atenção. Não para nossa memória que podemos evocar. E sim num plano espacial muito maior, em objetos que não são enxergáveis a olho nu. Simplesmente, precisamos de um microscópio ou até um luneta para nos enxergarmos como realmente somos. E principalmente os fatos, os problemas, as duas faces de todas as situações que ocorrem em nossa vida. Estamos, a todo tempo, vibrando de calor. Somos corpos quentes, com sangue correndo pelas veias e implodindo nosso interior. E sempre em um constante repouso. Imperceptível.
Erupção
Às vezes preciso do Sol. Não só pra esquentar minha pele leve que cobre toda uma alma, uma aura, um âmago. Algo tão intenso. Submerge também sentimentos aleatórios que nem eu sabia distinguir. Mas corria ao encontro dele. As gotas de suor inundavam um corpo pesado, não em sua estrutura física. Mas em sua estrutura psicologica. Mas ja era tarde, porém em um horário de verão que nao cessava. E eu, partia em direção a todo calor que pudesse esquentar meus orgaos mais profundos. Pois é ali que eu mais preciso.
Depois, desatava os nós do dia e deixava que noite anestésica me acalmasse em um canto, que me encatasse. Toda Lua.
Depois, desatava os nós do dia e deixava que noite anestésica me acalmasse em um canto, que me encatasse. Toda Lua.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Namoricos.
Ele olhava para mim como se fosse engolir o que havia de mais libidinoso em mim, o instinto do desejo, as palavras que mal conseguia dizer em sua presença. Corria com a boca para desejar o ceu, mas só em pensamento. Parecia que tanto querer seu toque, alucinava-o. E assim, em devaneios instantaneos sentia o meu aparelho psiquico levemente sendo satisfeito. Porém, era uma satisfação pela metade. Não havia real contato. Amava a sua fronte, a sua nuca, a perplexidade do seu cabelo emaranhado. Ou mesmo assim, a sua falta de cabelo! Porque nele assimilva uma vertigem parecida com a cor flicts, ou seja, sem absoluta definição. Desejava-o e amava-o na mesma medida. Ora um pouco mais, ora menos. Mas o calor que era oriundo do meu âmago e aquele sentimento latente, era assim: só meu.
Sobre bancos...
Duas folhas de jornal caídas no chão. As notícias a rolar pelos meus pés que nem distiguiam mais o chão, do jornal, do vão. E entre calafrios atormentados lia as manchetes a voarem sobre mim como um dilúvio de desesperanças, uma tempestade de assassinatos morais, talvez banais. As pétalas escuras sob uma primavera em seu inicio a germinar por fim. Talvez só lá. Porque em mim as pétalas ainda continuavam sépia, as palavras, ainda desconexas. Sem acalanto, nem sim. Como as palavras podem soar nos nossos ouvidos num suar tão lento? E ainda me perguntava como a chuva ainda não veio a cair, como o Sol ainda não pode sorrir. Há descompasse entre o meu riso e o sorriso do próprio rei. Enquanto eu aqui, a me desesperar por dentro, a me amargurar no leve compasso do tango. Lá o calor tangia a vivacidade dos corpos, dilatando, enfim, a sensibilidade!
A fome moral
E de repente, a demência levantou-se. Talvez um pouco apressada, exausta, extiguinda de todo o círculo que a olhava como se fosse estranha a toda aquela situação. A censura, perplexa, comentava a todos os outros como a demência pudera ser tão audaciosa a cometer tal bravura. Porém, era desnecessária. No entanto, não era plausível. Conquanto, inconveniente. A demência percebera deveras que a censura comentara sobre ela, mas como já estava acostumada com hábitos tão ríspidos e assim, ao ser tão incompreendida, continuou a andar pelo jardim de sua casa, enquanto podia respirar ainda um pouco de si, um pouco de suas pétalas, de sua antiga vivacidade degenerada. A coragem disse que ela era uma dos seus. Aplaudiu-a. Porém, essa característica era apenas para os que se aventuram por toda uma vida e não em ímpeto, em astúcia, sem outra alternativa. O amor nem se fala, disse que loucura nada era comedida, que se amasse mais, poderia ser sim, menos doente, menos anômala. E de repente, a demência se cansou de todos os esteriótipos. Ela poderia ser o quisesse, a hora que quisesse, sem os olhares maliciosos e devoradores de uma sociedade de sentimentos que só tende a criticar, a nos ferir por dentro com seus breves e pre-moldados conceitos. Ela resolveu ser feliz, e assim, o fez.
domingo, 17 de outubro de 2010
Dias
Acordei numa madrugada quente, meu corpo suando...Eu me sentindo intenso e lá fora, só a luzes para os meus olhos contemplaram. Aquela palavras encutida, aquele sonho vazio. Aquela história muda. Talvez eu estivesse mais mudo do que a própria história, ao ver que certas coisas deixam certas marcas num corpo tão inócuo. E lá eu saberia que iria merecer isso? Só tinha a noite em mim, ela me engolia. Eu tentava por jorrar todo o sal que em minhas pupilas emergia...Mas estava seco. Seco assim como o passado árido que um dia imaginei que seria para sempre. Os fantasmas ainda me atormentam. Não os fantasmas do passado. Mas os fantasmas que estão dentro dos conflitos de mim mesmo.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Linhas
Dois pontos e eu escrevia. Descrevia. Uma pureza tão gelada desse ar arrepiava-me, mas ao mesmo tempo, tocava os pontos de mais estímulo do meu corpo. Saía para o jardim, meia nos pés, sandálias de dedo. Blusas estampadas, rasgadas, enfim. Mãos enrrugadas, olheiras realçadas, assim. Sentia molhar meus pés inócuos, aparentemente desprotegidos da grama molhada. O cansaço da rotina me fagigava a tal ponto, que não conseguia sair dali, ao observar as flores a desabrochar, o Sol baixo e pouco ameaçador. Sair da velha casa é sair da moldura antiga que se construiu há muito tempo dentro de mim. Como um quadro, que já reconstruído e restituído, adquire o tom sépia não pela sua idade, mas sim, por vontade própria.
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