terça-feira, 22 de junho de 2010

Iscas


Todos os dias o pescador saía de sua casa, bem cedo. Arrumava os cabelos com as mãos, ia para a sala, ligava a televisão e via as notícias. Tomava sua vitamina, depois um chá com biscoitos. Pegava seu material para fazer sua pesca matutina. Diferente de qualquer esporte ou um simples hábito, ele considerava isso como um ritual para começar seu dia. Dias de peixes grandes, outros de peixes pequenos. Dias que não haviam peixes. Não sabia bem ao certo que técnica usar. Apenas sentia o vento, às vezes entrava na água, um pouco mais profunda ao certo naquele dia. Lembrou-se que tinha se esquecido uma das iscas, a que tinha colocado mais expectativa para que executasse e obtivesse um bom desempenho. Esqueceu-se de todos os ensinamentos e resolveu desafiar a lógica e a si próprio. Usou uma isca mais magra, mais fina, talvez até mais incapaz. Porém, mesmo com o demorar e com o trabalho árduo, conseguiu um dos maiores peixes de sua vida e saiu satisfeito para casa. Descobriu que bastava sua determinação para seguir em frente, fosse com objetos de grande ou pequeno porte. Bastava viver assim. Era o suficiente para si. Para ser o maior pescador. Não por ser o melhor dentre todos, mas sim, ser o melhor extrapolando os seus próprios limites.

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