sexta-feira, 11 de junho de 2010

O amor em uma lagoa


Denso, espesso, frio. Era como estava o dia nublado da pacata fazenda. Os animaizinhos, tão pastoris. O cheio da grama molhada, atiçava os pensamentos inconscientes da jovem mulher, que agora iria mudar-se para a cidade grande, para realizar sua graduação. Ao mesmo tempo em que estava animada ao conhecer uma nova realidade, estava intensamente magoada. Possuía a certeza de que não aproveitara tudo que podia das árvores, da natureza em si. Seria uma frustração? Não se sabe.
Montou em um dos cavalos e saiu por aí, sem destino e rumo, com o vento a congelar seu rosto, sem melancolia, mas liberta de si. Chegou próxima ao lugar mais longe que podia, via um lago, peixes, uma calmaria inquietante. Pensou, rapidamente, em conferir em seus bolsos, para ver se achava algum papel, para se entreter, a fazer barquinhos de papel. Realmente não tinha a certeza de nada nesse momento. Era difícil a mudança, a mudança dos hábitos, comportamentos. Pensou em sair do casulo, já era a hora. Mas ela não queria voar como as borboletas. Queria estar profunda, como os peixes.
Então, como um camaleão, absorveu as escamas e rapidamente, sem pensar, pulou dentro do lago. Nunca mais se soube notícia alguma daquela sensível mulher. Só se sabe que o seu amor assimilou a lagoa. Ambos se assimilaram.

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