sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A fome moral

E de repente, a demência levantou-se. Talvez um pouco apressada, exausta, extiguinda de todo o círculo que a olhava como se fosse estranha a toda aquela situação. A censura, perplexa, comentava a todos os outros como a demência pudera ser tão audaciosa a cometer tal bravura. Porém, era desnecessária. No entanto, não era plausível. Conquanto, inconveniente. A demência percebera deveras que a censura comentara sobre ela, mas como já estava acostumada com hábitos tão ríspidos e assim, ao ser tão incompreendida, continuou a andar pelo jardim de sua casa, enquanto podia respirar ainda um pouco de si, um pouco de suas pétalas, de sua antiga vivacidade degenerada. A coragem disse que ela era uma dos seus. Aplaudiu-a. Porém, essa característica era apenas para os que se aventuram por toda uma vida e não em ímpeto, em astúcia, sem outra alternativa. O amor nem se fala, disse que loucura nada era comedida, que se amasse mais, poderia ser sim, menos doente, menos anômala. E de repente, a demência se cansou de todos os esteriótipos. Ela poderia ser o quisesse, a hora que quisesse, sem os olhares maliciosos e devoradores de uma sociedade de sentimentos que só tende a criticar, a nos ferir por dentro com seus breves e pre-moldados conceitos. Ela resolveu ser feliz, e assim, o fez.

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